A saúde do bebê é um dos assuntos que mais preocupam mães de primeira viagem, e até as mais experientes. Todo mundo sabe que a qualidade da alimentação de um bebê pode ser um fator definitivo no desenvolvimento físico e mental da criança e, por esse motivo, deve ser tratada com muito carinho.
A sociedade moderna tem obrigado, na grande maioria das vezes, muitos pais e mães a dedicar menos tempo a pequenos detalhes da saúde dos seus filhos, mesmo que essa não seja sua intenção. A correria do dia a dia, muitas vezes, obriga a muitos pais a buscar alternativas rápidas e práticas para alimentar seus filhos, ainda pequenos, como uma solução para não deixar que a criança passe fome e nem que sua rotina diária tenha que ser interrompida. O problema é que, para crianças até um ano, o cuidado com a alimentação não pode ser sustentado pelo uso de produtos industrializados ou de rápido preparo: é preciso oferecer os alimentos certos, e no momento certo, para que esses bebês não sofram com os prejuízos de hábitos alimentares irregulares no futuro.
Não existem grandes segredos para poder alimentar seu filho durante o primeiro ano de vida. Muitas vezes é necessário somente um pouquinho mais de atenção com pequenos detalhes que, se você se preocupar em aprender corretamente, vão acabar fazendo parte da sua rotina do cuidado com o bebê. Ajudar o seu filho a se alimentar bem é quase tão simples como aprender a trocar a primeira fralda: é preciso introduzir essa prática no seu dia a dia para que ela fique automática.
O objetivo desse guia é lhe apresentar todas as informações necessárias que uma mãe deve saber sobre a alimentação do bebê no seu primeiro ano de vida. Focamos no início da vida da criança porque essa é a fase onde acontecem as maiores mudanças na alimentação do seu filho, que vai ter o primeiro contato com o leite materno e com alimentos que farão parte do seu dia a dia no futuro.
Venha aprender conosco como lidar com uma das fases mais importantes da vida do seu bebê. Será muito prazeroso e satisfatório ajudar você!
Amamentação
Amamentar é um dos atos mais nobres e belos praticados por uma mãe em benefício da saúde do seu filho. O leite materno não é somente o primeiro alimento com o qual o bebê tem contato, mas também é um simbolo de união entre a mãe e a criança e, por esse motivo, é um cuidado extremamente importante na rotina da nova família.
Muito se discute em relação a importância da amamentação para o bebê, como e por quanto tempo ela deve ser praticada e estimulada. Nesse capítulo do guia vamos tirar todas as suas dúvidas relacionadas com o ato de amamentar, para que você permita que seu filho usufrua o máximo dos benefícios desse alimento tão importante para ele.
Até os seis meses de idade: amamentação exclusiva
O leite materno é um alimento completo para a saúde do bebê. Ele contém todos os micronutrientes, carboidratos, proteínas e gorduras necessárias para o desenvolvimento correto e ideal de seu filho até os seis meses de idade. Não é necessário oferecer nem mesmo água até esse período da vida, já que a concentração dessa bebida no leite materno também é a adequada para a saúde da criança.
A amamentação exclusiva deve ser estimulada em todas as mães. A substituição do leite materno por fórmulas infantis (que também podem servir como complemento da alimentação em caso de produção de leite insuficiente pela mãe) só deve ser feita quando a mulher apresenta algum problema na produção do seu leite. Essa substituição, ou complemento, deverá ser feita com a supervisão de um pediatra e um nutricionista, para que a saúde do bebê não seja prejudicada.
Frequência da amamentação
Você vai perceber que, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, não é preciso criar uma rotina de amamentação diária para seu filho nos primeiros meses de vida. O instinto da criança vai permitir que ela procure naturalmente pelo seio materno quando sentir a necessidade de se alimentar. Isso não significa, entretanto, que toda vez que o bebê chorar ele está com fome. A mãe naturalmente vai aprender a entender quando o choro do seu filho é um pedido para mamar ou se está relacionado com outro problema.
Só devemos nos preocupar com a frequência da amamentação quando os primeiros alimentos começam a ser introduzidos na rotina do bebê.
Até quando amamentar?
A amamentação deve ser incentivada até os dois anos de idade
De acordo com a recomendação do Ministério da Saúde brasileiro, em consenso com orientações repassadas pela Organização Mundial de Saúde e outras instituições conceituadas em pediatria e alimentação infantil, a amamentação deve ser estimulada até os dois anos de idade.
Você pode pensar que dois anos é muito tempo para que o bebê dependa do leite produzido por sua mãe, porém é através desse alimento que a criança vai desenvolver seu sistema imunológico corretamente, vai estimular o funcionamento da musculatura oral e vai criar um vínculo ainda muito mais forte com a figura materna.
Crianças que têm a amamentação interrompida antes dessa idade apresentam maiores riscos de desenvolver alergias, problemas motores na deglutição e na fala, e de apresentar várias doenças no futuro. Lembre-se que, a partir dos seis meses, a amamentação não precisa ser exclusiva, mas ainda deve ser incentivada até que a criança complete dois anos.
Alimentação de 0 à 6° mês de vida
Depois de conhecer toda a importância do ato de amamentar para a saúde do seu filho, é chegada a hora de começar a aprender como a alimentação do bebê deve ser tratada em cada período do seu primeiro ano de vida. Começaremos, nesse capítulo, falando um pouco mais sobre a alimentação do recém-nascido até o sexto mês de vida.
Valorize a amamentação exclusiva
Como discutimos no capítulo anterior, pediatras, nutricionistas e outros especialistas em saúde da criança recomendam a prática da amamentação exclusiva até os primeiros seis meses de vida do seu filho. Não é preciso oferecer água, fórmulas infantis, frutas, papinhas ou quaisquer outros alimentos que você imagina serem importantes para a saúde do seu filho.
Como para toda regra existe sua exceção, as mães que apresentam algum problema na produção de leite (ou que não podem amamentar seus filhos por algum motivo clínico específico) podem contar com a ajuda de fórmulas infantis desenvolvidas para crianças nessa faixa etária. Essas fórmulas apresentam composição nutricional muito semelhante ao do leite materno, porém ainda não são capazes de reforçar o sistema imune da criança. Por esse motivo, a alimentação desses bebês deve sempre ser orientada por um pediatra e um nutricionista.
A partir do quarto mês, algumas mães optam por dar início ao contato de seus filhos com alguns alimentos sólidos, que farão parte da rotina alimentar da criança a partir dos seis meses. Confira como deve ser tratada a alimentação nessa fase da vida do seu filho no nosso próximo capítulo.
Alimentação do 4° ao 6° mês de vida
O bebê, a partir do quarto mês de vida, já apresenta um organismo bem desenvolvido para começar a ter contato com alguns alimentos sólidos. Apesar de não ser interessante a introdução desses alimentos na rotina do seu filho nessa fase, a partir do sexto mês é considerado importante a adição de alguns alimentos no dia a dia do seu bebê, já que o leite materno não consegue oferecer a quantidade ideal de algumas vitaminas e minerais para o organismo mais desenvolvido da criança.
O primeiro alimento que deve ser oferecido a criança é a papinha de legumes e verduras, batida com pequenos pedaços de carne (ou caldo de carne) magra. No quarto e quinto mês não é necessário fazer da papinha parte da rotina da criança, por isso, permita que seu filho prove algumas pequenas porções dessa mistura ao longo do dia, porém sem excluir a rotina natural de sua amamentação. Como o organismo da criança ainda é muito jovem, o contato com grandes volumes de alimentos pode causar cólicas e dores de barriga no seu filho, e você não quer que isso aconteça né?
A partir do sexto mês a papinha deve ser oferecida para seu filho, intercalando com períodos de leite materno. Descubra como essa introdução é feita no nosso próximo capítulo!
Alimentação do 6° ao 9° mês de vida
A alimentação do bebê a partir do sexto ano de vida começa a mudar bastante. Com o sistema digestivo um pouco mais desenvolvido, a criança tem maior facilidade para tolerar a ingestão de novos tipos de alimentos. Além disso, a partir do sexto mês, a necessidade diária de ferro e alguns outros nutrientes do seu filho não é mais suprida somente com o leite materno, por isso você pode (e deve!) começar a oferecer pequenas porções de alguns alimentos para o seu bebê.
Apesar de muitas mães optarem por oferecer fórmulas infantis para complementar a alimentação de seus filhos nessa idade, o recomendado é, sempre que possível, fornecer alimentos naturais e preparados por você, garantindo uma alimentação mais saudável e bem preparada para a criança.
Ofereça, além da tradicional papinha de legumes e carne (lembre-se que ela tem que ficar bem pastosa para facilitar a deglutição), frutas raspadas, como a maçã e a pêra, e alguns pequenos goles de água. Não é preciso ter pressa, e nem mesmo é preciso se preocupar com o fato de seu filho não querer raspar o prato toda vez que você oferece esses novos alimentos: a adaptação pode levar algum tempinho, e isso é perfeitamente normal!
Para saber exatamente quanto de cada alimento oferecer para seu filho, é necessário que você converse com seu pediatra, afinal cada criança responde de maneira diferente ao primeiro contato com a alimentação sólida. Só não se esqueça de não negligenciar o peito, viu? O leite materno ainda é essencial nessa fase da vida!
Alimentação do 9° ao 12° mês de vida
A partir do nono mês a criança já apresenta um sistema digestivo bem evoluído, uma demanda nutricional relativamente maior do que a oferecida pelo peito, e um conhecimento maior dos sabores dos diversos alimentos que você já ofereceu para ele. Por isso é preciso progredir nessa aventura de conhecer novos alimentos, sempre contando com o leite materno como o maior aliado da nutrição do seu filho.
Nesse período começam a aparecer os primeiros dentinhos e, por esse motivo, já é possível começar a oferecer alguns alimentos mais sólidos para a criança (sempre bem cozidinhos para facilitar a mastigação), além de apresentar novos sabores de vegetais, alguns carboidratos e carnes. As refeições também se tornarão mais frequentes: o bebê deve ser estimulado a comer algo no café da manhã, no almoço e no jantar, sempre intercalando essas refeições com a ingestão do leite materno.
É nessa fase também que seu filho começa a apresentar uma certa necessidade de se tornar mais independente. Ele vai tentar pegar os alimentos com as próprias mãos, levar a colher a boca e fazer uma bagunça na hora de comer. Permita que seu filho viva essa experiência: quanto maior o contato da criança com os alimentos, mais fácil será sua adaptação a uma alimentação mais saudável. Ele vai aprender a identificar sabores diferentes, sabendo separar aqueles que gosta mais, dos que não são tão saborosos assim.
Essa é uma deliciosa fase de aprendizado para seu filho, e você precisa entender que a bagunça faz parte desse processo! Se divirta com ele! Brinque, tire fotos e estimule sempre esse contato! A partir dai a progressão da alimentação do seu bebê vai se tornar um processo natural, assim como o desmame (que deverá ser feito somente a partir dos dois anos, não se esqueça disso!).
Quais alimentos deve evitar durante o primeiro ano de vida?
Depois de conhecer tudo que deve ser oferecido para seu filho nesse primeiro ano de vida, é importante também saber o que deve ser evitado na alimentação do bebê durante esses 12 meses.
Alguns alimentos podem causar distúrbios gastrointestinais desnecessários no seu filho, já que o primeiro ano de vida do bebê é uma época de desenvolvimento de todos os seus sistemas corporais, inclusive o digestivo. Outros produtos também podem desencadear respostas alérgicas e oferecer riscos importantes para a saúde do bebê. Para evitar que isso aconteça, existe uma pequena lista de produtos e alimentos que não devem ser oferecidos durante essa fase da vida da criança. Que tal conferir quais são eles?
- Mel: A vigilância sanitária brasileira recomenda que o consumo de mel deve ser evitado por bebês até 12 meses (e por suas mães também), já que existe um grande risco desse alimento ser contaminado pela bactéria Clostridium botulinum, que transmite a doença botulismo.
- Refrigerantes, doces e açúcar simples: Não existe necessidade de fornecer esses alimentos para bebês tão pequenos. Todos eles são fonte do que chamamos de caloria vazia: alimentos que só fornecem energia e nenhum nutriente. O consumo desses alimentos, além de aumentar o peso de seu bebê de maneira não saudável, pode atrapalhar o desenvolvimento de hábitos alimentares mais saudáveis no futuro.
- Café: A cafeína é um estimulante natural do organismo humano, capaz de acelerar nossos batimentos cardíacos e nos deixar mais agitados e alertas. Um bebê que consome café pode ficar mais irritado ao longo do dia e ter a qualidade do seu sono prejudicada, especialmente durante a noite.
- Leite de vaca: O leite de vaca é um alimento rico em proteínas e gorduras que não são processadas pelo sistema digestivo de um bebê até 12 meses. O consumo desse alimento pode causar quadros graves de cólicas e diarreias na criança. Deixe para incentivar o consumo de leite de vaca após os dois anos de idade.
- Frutos do mar e oleaginosas: Pediatras orientam as mães e pais a não oferecerem aos seus filhos pequenos alimentos que são potencialmente alergênicos. Como o sistema imunológico do seu filho ainda não está completamente desenvolvido até os 12 meses, o risco de se consumir esses alimentos e apresentar uma resposta alérgica grave é muito grande. Evite!
- Alimentos industrializados: Todos os produtos industrializados (biscoitos, sucos de caixinha, pratos prontos) são ricos em conservantes, estabilizantes e outros produtos químicos que não devem ser consumidos por uma criança até os 12 meses de idade. Lembre-se: a alimentação do seu filho deve ser 100% natural.
Conclusão
Apesar de parecer ser um assunto delicado e que resulta em muitas dúvidas e inseguranças, a alimentação do bebê no primeiro ano de vida não é tão difícil de ser compreendida por mães e pais de primeira viagem. Com essas simples orientações que oferecemos para você nesse guia, e com o acompanhamento do seu pediatra de plantão, o desenvolvimento físico e mental do seu filho está assegurado e será um processo natural e tranquilo.
Dúvidas são naturais na rotina de qualquer mãe que se preocupa com o bem estar de seu filho, por isso não hesite em sempre consultar esse nosso guia, ou em ligar para o seu médico de confiança: isso só fará de você uma mãe ainda melhor!