Há tempos se discute sobre o impacto da chupeta na saúde e no desenvolvimento das crianças, pois ao mesmo tempo em que esse acessório parece ser tão inofensivo e ajuda a acalmar os bebês, os pais constantemente escutam sobre os seus efeitos prejudiciais.

Acontece que, nesta fase, tão inicial da vida da criança, todos os cuidados e costumes adquiridos podem interferir no crescimento e no amadurecimento do organismo. Ou seja, os efeitos dos hábitos desenvolvidos nesse estágio são capazes de durar a vida toda.

Por isso, compreender as formas com que a chupeta pode interferir no dia a dia e as consequências que o uso prolongado pode causar, inclusive na vida adulta das crianças, é essencial para formar uma opinião sobre o assunto.

Como a chupeta afeta o desenvolvimento infantil

Um dos efeitos mais comentados sobre o uso prolongado da chupeta ou mordedor se refere à necessidade do tratamento com o aparelho ortodôntico no futuro. 

Isso ocorre porque o movimento causado pela sucção de chupetas, do dedo ou das mamadeiras, pode impactar no desenvolvimento ósseo da criança e interferir no posicionamento geral da arcada.

Antes de falarmos sobre os efeitos odontológicos, é preciso ressaltar que o uso da chupeta não é de todo ruim. 

Isso porque ela pode ser útil para acalmar o bebê em situações de estresse e, ainda, ensinam as crianças que possuem dificuldades neurológicas a mamar e a sugar o leite.

No entanto, é preciso ter cuidado com o tempo que o bebê passa com a chupeta diariamente, bem como certificar que o uso não seja prolongado e sem pausas. Isso porque esse exagero pode sim interferir em todos os aspectos da vida da criança.

Os impactos da chupeta na amamentação

De acordo com pesquisas realizadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso da chupeta entre crianças de um a 24 meses pode afetar negativamente o processo de amamentação, causando o desmame precoce.

Esse efeito é tão notável que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês que são amamentados de forma natural não sejam encorajados a utilizar a chupeta.

As interferências estruturais

O tratamento com o aparelho de dente pode ser necessário para os pacientes que fizeram um uso indiscriminado da chupeta, ou do dedo, durante a primeira infância. Isso porque, esse costume modifica o padrão de crescimento das estruturas bucais e faciais.  

Assim, as crianças com mais de três anos que ainda têm esse hábito, apresentam maior probabilidade de desenvolver:

  • Má oclusão – defeito no encaixe da mordida;
  • Mordida cruzada;
  • Mordida aberta;
  • Crescimento insuficiente da mandíbula;
  • Estreitamento do palato, entre vários outros sintomas.

Inclusive, um dos motivos que levam adultos aos consultórios odontológicos para a aplicação da lente de contato dental é a necessidade de consertar as falhas no espaçamento dos dentes, que pode ser herança dos costumes relacionados à chupeta.

Consequências na fala e respiração

Os estudos também indicam que a fala pode ser afetada com a interferência da chupeta. 

Isso se dá devido a dificuldade que a criança tem de repetir as palavras enquanto estão com a chupeta na boca, isso faz com que elas falem menos e desenvolvam problemas com a pronúncia dos sons.

Enquanto isso, o bebê deixa de respirar pelo nariz – que é aprendido com a amamentação materna e é fundamental para o desenvolvimento craniofacial – e começa a respirar pela boca, posicionando a língua em local inadequado e deixando as estruturas labiais mais flácidas.

Quais as consequências em longo prazo?

Caso a chupeta não seja devidamente abandonada entre um ano e meio e três anos (seguindo os métodos de retirada progressiva), os efeitos podem começar a se estender e ser sentidos na vida adulta.

Por exemplo, os pacientes que necessitam realizar um implante dentário e precisam de uma boa estrutura óssea, podem ser prejudicados devido a falhas na formação estrutural e na integridade dos tecidos faciais.

Nesse caso, eles precisavam de duas ou mais cirurgias para conseguir realizar um trabalho que poderia ser feito em uma única e que o privaria de muitos incômodos.

Além disso, as crianças que aliviam a ansiedade por meio da chupeta tendem a crescer e procurar outras formas tão fáceis de lidar com esse sentimento quanto o acessório infantil. 

Assim, essas pessoas têm mais chances de se tornarem tabagistas ou recorrerem a outros alívios e vícios.

Inclusive, seja o tabagismo, ou o mau posicionamento dental – que dificultam a higienização correta -, podem ocasionar o escurecimento/amarelamento dos dentes.

Tal fator trará uma estética desagradável que faz com que muitos pacientes tenham que recorrer ao clareamento dental para recuperar a estrutura e a autoestima, inclusive, acompanhamentos complementares podem se fazer necessários.

Conteúdo originalmente desenvolvido pela equipe do blog Qualivida Online, site no qual é possível encontrar diversas informações e conteúdos sobre os cuidados com a saúde física e mental.