Uma das dúvidas mais frequentes entre as mamães diz respeito à contribuição que a música pode oferecer aos seus bebês. Mas quais seriam, realmente, os benefícios que o ritmo e a melodia provocam na cabeça e no coração de uma criança?

Sabemos que a audição é o primeiro sentido do qual o feto dispõe durante a gestação, uma vez que os seus ouvidos já estão totalmente desenvolvidos no quinto mês de gravidez. Assim, ele é capaz de perceber os estímulos sonoros ao seu redor, como vozes, ruídos e música. Ainda não se sabe exatamente como o bebezinho reage a esses sons quando ainda está protegido pelo ventre materno, mas, considerando a forma como os recém-nascidos são estimulados pela voz de suas mamães e por outras interferências sonoras, é interessante adotar certos cuidados para que a criança se mantenha em contato apenas com ritmos e gêneros musicais que possam beneficiá-la. Mas quais ritmos e gêneros seriam esses?

Entre Mozart e Black Sabbath

Para alguns neurocientistas e psicopedagogos, a música clássica (principalmente as obras de Mozart), os ritmos africanos e a música latina estimulam positivamente o desenvolvimento cognitivo e comunicativo das crianças, ativando regiões do cérebro responsáveis pela percepção espacial e temporal.

Por outro lado, os gêneros considerados “caóticos”, como o hard rock, o rap e o heavy metal, podem alterar a estrutura do cérebro de modo indesejável, provocando algumas limitações comunicativas e de inteligência psicomotora.

É importante destacar, contudo, que as pesquisas realizadas neste campo estão, em sua maior parte, em fases teóricas e com insuficientes comprovações práticas. Portanto, se o seu filho gosta de ouvir rock pesado sem que isso provoque alterações de comportamento que representem limitações cognitivas, não há razões para censurá-lo, desde que, evidentemente, ele não abuse do volume alto no momento de ouvir as suas músicas preferidas. Aliás, essa recomendação vale para qualquer gênero musical. Não é raro que meninos e meninas de sete, oito ou nove anos de idade, que escutam heavy metal, destaquem-se na escola, com excelente aproveitamento. Isso se deve, em parte, à energia que esse estilo transmite.

A importância das cantigas de ninar

Historicamente, cantar para que as crianças dormissem ou ler alguma fábula eram práticas relativamente comuns. Atualmente, contudo, pais e mães têm agendas cada vez mais cheias, de modo que, às vezes, não sobra tempo para esse momento tão íntimo e acolhedor. É extremamente interessante a retomada deste hábito, pois as cantigas de ninar promovem a aproximação e o fortalecimento do vínculo entre pais e filhos. Os benefícios, nesse caso, transitam em mão dupla, já que os pais também são amplamente favorecidos pelo relaxamento e pelo próprio prazer que a prática musical proporciona. Afinal, cantar faz bem à alma e é gratuito.

A música como ferramenta terapêutica

A música possui a propriedade de auxiliar na recuperação do estado de saúde de crianças enfermas e no desenvolvimento de bebês que nasceram prematuramente. O segredo está na frequência vibratória transmitida pelo ar em forma de ondas sonoras que estimulam o sistema nervoso dos pequenos. Essas ondas são captadas pelos neurotransmissores e transformadas em estímulos elétricos que “alimentam” partes do cérebro responsáveis por diversas funções do corpo humano, como a coordenação motora e a frequência cardiorrespiratória. Alguns hospitais de países como os Estados Unidos e o Canadá já adotam a musicoterapia como prática comum entre médicos e pacientes.

Com as mãos na massa

Se ainda não existe um consenso na comunidade científica a respeito dos efeitos que a música pode provocar em seus ouvintes, todos os estudos apontam para os benefícios que a prática musical proporciona às crianças. Assim, por mais “barulhenta” que a ideia possa parecer num primeiro momento, é importante oferecer ao bebê instrumentos de brinquedo para que ele possa produzir seus próprios sons e se perceber como autor capaz de transformar o espaço ao seu redor. Esse exercício é muito eficaz para a construção do sentimento de autonomia.

Mais tarde, a partir dos três anos, é altamente aconselhável que a criança participe de aulas de música. Esse contato com a teoria e a prática musical desenvolve a capacidade de entender o espaço tridimensional e acelera o domínio sobre o próprio equilíbrio. O objetivo aqui não é formar um novo Beethoven, embora um eventual talento para a música deva ser incentivado. O mais importante é proporcionar à criança todos os meios possíveis que possam contribuir para o seu desenvolvimento físico e psíquico, aumentando a sua capacidade de raciocínio, cognição, comunicação e sensibilidade artística, virtudes altamente úteis a qualquer ser humano.

A música como elemento socializador

Além de suas contribuições de ordem física e neurológica, a música é, ainda, uma manifestação cultural que facilita a aproximação e a socialização entre as crianças, principalmente se o ensino e a prática musical forem conduzidas de forma lúdica e motivadora. Afinal, a música também é uma linguagem por meio da qual é possível expressar opiniões, sentimentos e sensações. Mesmo entre bebês, a música tem a capacidade de provocar reações, pois eles compreendem sua função comunicativa e interagem por meio de sorrisos, palminhas, caretas, movimentos de pernas e de braços. Assim, a partir desses gestos, o bebê passa as suas mensagens aos pais e aos demais membros da família, fortalecendo o vínculo com as pessoas mais próximas.

O mesmo ocorre durante os primeiros anos da vida escolar, tão marcados pela presença de cantigas de roda e outras canções que promovem um sentimento de pertencimento a um grupo específico. Os colegas de classe e o educador passam a ser uma espécie de extensão do núcleo familiar. Vale lembrar que, em todos os agrupamentos humanos conhecidos ao longo da história (como os índios no Brasil), a música sempre foi um elemento importante que identifica e une a comunidade.

E então, como você introduziu ou introduzirá a música no dia a dia de seu anjinho? Acha que a música para bebês é melhor se for de determinados gêneros musicais?